terça-feira, 31 de maio de 2011

1968. O ano dos brados por liberdade


Analisar ou tentar entender o maio francês de 1968 e todos os calorosos movimentos que na mesma época ocorriam mundo afora é um exercício que nos remete há inúmeras reflexões, dentre elas políticas, sociais e culturais; ainda hoje pertinentes e atuais.

O momento em questão foi aquele em que jovens de todo o mundo, aliados a outros setores da sociedade insatisfeitos com o poder vigente, com as liberdades políticas, culturais, sexuais reprimidas – e diante de um capitalismo que cavava com fôlego as desigualdades sociais – foram às ruas para “gritar basta” e que era hora de mudar. Hora de recriar uma sociedade com a qual eles se identificariam, diminuindo as desigualdades e levantando as minorias rumo à dignidade.

Na França, enfastiados das arbitrariedades do General De Gaulle, os estudantes tomam as rédeas das universidades (Soborne e Paris-Nanterre), onde segundo eles estava ali representação da base de toda uma sociedade, ou seja, na educação. Na Tchecolosváquia, os jovens comunistas, liderados por Alexander Dubcek moldam uma nova estrutura de governo socialista que poria em xeque o opressor comunismo stalinista, foi a chamada “Primavera de Praga”. Nas Américas a situação não era muito diferente. Nos E.U.A os jovens protestavam contra a Guerra do Vietnã – guerra que mostraria mais uma vez a face violenta e desumana da política intervencionista norte-americana – através de grandes passeatas e da contestadora contracultura, demonstrada no estilo de vida alternativo dos hippies e suas exigências incessantes por paz e amor. No Brasil toda a sociedade amargava o tenebroso fel da ditadura militar, que nesse ano inaugura sua época mais violenta e repressora; as marcas são ainda indeléveis, tanto que 1968é conhecido como o ano que não terminou. Os movimentos não cessavam por aí, em outras partes do mundo os “entusiastas da liberdade”, ainda chorosos pela morte de seu líder maior, Che Guevara, ainda clamavam bravamente por suas conquistas.

No entanto, algo é comum em todas as revoltas. Os movimentos foram destituídos através do uso de forças coercivas imbuídas do mais alto requinte de brutalidade. Tais repressores eram incapazes (e os de hoje também) de enxergar uma nova idéia de mundo, baseada na liberdade e na igualdade, onde os valores humanos e intelectuais deveriam suplantar os financeiros e o poder. Os movimentos de 1968 servem para nos lembrar de que um novo mundo é possível e também o quão poderosa é a capacidade de organização e luta de uma sociedade rumo à justiça, a paz e a dignidade. Olhemos para o passado para que possamos entender o presente e para que tomemos fôlego para mudar ou enfrentar o futuro.

O Homem Losna

fonte da imagem: http://www.1968andallthat.net/node/46

Um comentário:

aguillar_carneiro disse...

Bravo! Bravo! Bravo!
Mais uma coluna com o intelecto de Mr. losna! God bless you!